
Vamos abrir nossas Bíblias novamente nesta manhã em Mateus, capítulo 18. E este é o nosso estudo contínuo no Evangelho de Mateus, e particularmente o capítulo 18, que temos chamado de “A semelhança do crente com uma criança.” “A semelhança do crente com uma criança.” Uma coisa que aprendemos neste capítulo é que os crentes precisam ser perdoados como crianças. Um dos grandes elementos do ensino nesta passagem é o ensinamento sobre o perdão. Você se lembra de que vimos que entramos no reino como crianças. Nós devemos ser cuidados como crianças. Nós devemos ser protegidos como crianças. Devemos ser disciplinados como crianças. E então a passagem conclui com uma grande lição sobre o fato de que devemos ser perdoados como crianças. E assim o Senhor está nos instruindo na matéria do perdão.
Agora, há um versículo chave que você talvez devesse escrever na margem de sua Bíblia, bem no ponto de Mateus 18.21 e seguintes, e esse versículo é Efésios 4.32, porque esse versículo resume a intenção desta passagem. Ali diz: “Pelo contrário, sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros, como também Deus, em Cristo, perdoou vocês.” Uma grande injunção ao perdão, visto que Deus nos perdoou tanto. Essa é a intenção do ensino da passagem que veremos nesta manhã.
Mas antes de olharmos para a passagem, eu quero apenas dar-lhe algumas ilustrações para direcionar o seu pensamento para a linha de raciocínio do perdão. Nesta semana tive acesso a uma carta que foi enviada ao Dr. James Dobson recentemente por uma menina. Isto é o que dizia a carta: “Caro Dr. Dobson, tenho dez anos. Eu tenho um problema. Há um homem que está tentando dividir a igreja. Ele é o pai da minha melhor amiga. Agora, por causa dele, minha mãe não me deixa falar com Faith. Eu conversei com Faith sobre isso. Ela e eu estamos confusas porque não podemos nos ver. Estamos chateadas. Por que eles estão lutando entre si? As respostas deles não são boas o suficiente. Só porque eles estão lutando não significa que temos de fazê-lo, ou temos? Estou totalmente confusa. Tudo o que sei é que Faith e eu somos amigas e nossos pais não são. Por favor encontre uma resposta. Com amor, Karen.” Cristãos que não podem perdoar uns aos outros e estão devastando a vida de seus filhos pequenos.
Algum tempo atrás, o Los Angeles Times publicou um artigo interessante com uma manchete que dizia: "Casal encontra e perdoa o assassino da filha.” O artigo diz: "Amamos essa pessoa especial do fundo do nosso coração,” disse a Sra. Bristol sobre o homem que assassinou sua filha. A minúscula dona de casa de Dearborn, Michigan, confessou estar um pouco nervosa ao falar com um grupo de detentos na capela da Penitenciária para Homens da Califórnia. Ela e seu marido, Bob, haviam dirigido 3.200 quilômetros para ver essa pessoa especial, Michael Keys, que foi condenada por assassinar sua filha, Diane. O corpo de Diane, então com 20 anos, foi encontrado na área de North Park, em San Diego. Ela estava vendendo enciclopédias de porta em porta quando foi sequestrada e estrangulada.
“Os Bristols disseram que Deus os dirigiu em uma missão de perdão, o que levou seus amigos e entes queridos a balançarem a cabeça porque não conseguiam entender. ‘Não guardamos ódio nem sentimento de vingança,’ disse a Sra. Bristol aos 60 prisioneiros, no sábado à noite. ‘Sabemos que Deus pode fazer algo de bom com essa dor.’ A Sra. Bristol disse que quando ela e seu marido receberam a notícia devastadora de que a filha havia sido estuprada e brutalmente assassinada, ‘era como uma faca entrando nas profundezas de nossa alma. Nós temos a reação humana normal de tristeza e angústia.’
“Keys, que de início admitira aos Bristols que não entendia muito bem o ato deles, disse a seus colegas condenados que pessoas como os Bristols davam sentido à palavra ‘perdão.’ Depois, sufocado pelas lágrimas, Keys virou-se para os Bristols e disse: ‘Deus abençoe vocês, pessoal,’ e jogou os braços em volta de ambos. ‘O que nos faria mais felizes,’ disse a Sra. Bristol, ‘seria vê-lo aceitando a Jesus Cristo.’
“O juiz de San Diego, que condenou Keys à prisão perpétua disse: 'Keys era astuto, calculista e insensível, o assassino mais cruel que encontrei em minha carreira.' A sra. Bristol disse: 'Consideramos este homem como alguém digno e de valor. Estamos interessados nele como pessoa, não pelo que ele fez, mas pelo que ele pode se tornar.’”
É uma grande história de perdão, não é mesmo? E por que existem tais extremos da capacidade do perdão? Por um lado, uma mãe que perdoa um criminoso sem Deus pelo estupro e assassinato de sua filha. Por outro lado, dois cristãos em uma igreja não conseguem perdoar diferenças insignificantes. O perdão às vezes é tão difícil para nós, se vivermos na carne. Agora, nosso Senhor, nesta passagem, nos ajudará a entender a importância do perdão. A falta de perdão não deve dividir as igrejas.
Todos nós devemos ser como a Sra. Bristol. Nunca deve haver o tipo de falta de perdão numa igreja que destrói relacionamentos, famílias e a unidade da igreja. E vamos descobrir as instruções de nosso Senhor a esse respeito, quando olharmos novamente para essa importante passagem.
Deixe-me rever rapidamente a pergunta sobre o perdão que apareceu no versículo 21. Ela introduziu o assunto. Pedro diz: “Quantas vezes meu irmão pecará contra mim e eu o perdoarei?” Essa é a pergunta. A extensão do perdão vem no versículo 22. E o Senhor diz 490 vezes, e isso significa quantidades ilimitadas - infinitamente, continuamente.
E assim vimos a indagação sobre o perdão e vimos a extensão do perdão, e depois também discutimos o efeito do perdão. E nós olhamos em Mateus 6, versículos 12-15, onde o Senhor diz que se você não perdoar o outro, ele não o perdoará. Assim, vimos a pergunta sobre o perdão, a extensão do perdão, o efeito do perdão. E então chegamos ao exemplo do perdão, começando no versículo 23. E o exemplo do perdão é uma parábola, e uma parábola magistral, carregada de grande verdade. Ela é falada aos discípulos, e adverte a eles e a nós do pecado da falta de perdão. Veja o versículo 23, e deixe-me lembrá-lo de como a parábola começa.
“Por isso, o Reino dos Céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos.” O reino dos céus, a esfera do governo de Deus, o reino da graça. No reino da graça, onde Deus é o governante, ele chama os homens para prestar contas. Ele chama os homens para mostrar a ele onde eles estão com os privilégios que foram dados por ele. E vimos que esse rei é Deus, e esse servo é um homem que recebeu privilégios. Ele seria, nos termos do tempo de nosso Senhor, um sátrapa, um governador de província. E foi-lhe dada a responsabilidade sobre todo um território, no qual ele cobrava impostos, que então seriam dados ao rei para a operação do reino.
E periodicamente, o rei cobra aqueles que receberam essa responsabilidade, e ele é ilustrativo de todo homem que recebeu o privilégio divino, que tem de Deus a vida e o sopro, que tem de Deus todas as suas faculdades, que tem de Deus a verdade em seu coração e a verdade ao seu redor. Todo homem, em certo sentido, é um mordomo do que Deus lhe concedeu. E todo homem será trazido diante de Deus para prestar contas dessa mordomia. E nós destacamos que esse é um momento de condenação. Não é a hora do grande julgamento do trono branco ou algo assim. É a hora em que Deus chama os homens para dar um relatório da vida deles.
Seria muito paralelo a Romanos 7.7-13, quando Paulo foi colocado frente a frente com a realidade da lei de Deus, e condenado por estar tão aquém, e então atraído para o Salvador. É a hora do convencimento. É o momento de João 16, quando o Espírito convence do pecado, da justiça e do juízo.
E então Deus, o rei, chama os homens para prestar contas. Ele os traz diante dele pelo convencimento por meio da pregação da Palavra, da leitura da Bíblia, do testemunho dos cristãos, ou uma combinação de qualquer um ou de todos eles. Os homens são levados a enfrentar a realidade do fato de que eles têm uma dívida com Deus. Eles são levados ao convencimento.
Agora, o versículo 24 nos fala sobre um indivíduo em particular. "E quando ele começou a contar, alguém foi trazido a ele, que lhe devia uma miríade de talentos." E o termo aqui fala de uma quantia incontável, uma quantia impagável. Nós falamos sobre essa quantia da última vez. Não vou voltar a isso de novo, basta dizer que é uma miríade, e esse é o termo mais alto da língua grega que fala de numeração.
Eu sugeri, na época em que estudamos esse versículo, que seria como dizer “um zilhão de talentos.” É uma quantia ilimitada, além da expressão, além do pagamento. Aqui está um homem trazido diante de Deus, condenado por uma dívida. E a propósito, a dívida é pecado e é impagável, incontável. E o versículo 25 diz: "Porquanto ele não tinha nada com o que pagar.” Esse é o homem diante de Deus, enfrentando seu pecado, e sabendo que ele não tem recursos para pagá-lo. É uma quantia impagável para começar, e ele não tem sequer como começar a pagar.
E assim o texto conta que o rei disse que ele seria vendido, sua esposa seria vendida, seus filhos seriam vendidos, tudo o que possuíam seria vendido, e o pagamento seria feito. A soma total nunca poderia ser paga. Era demais. O homem não tinha recursos para pagar o valor total, mas tudo o que poderia ser pago seria pago, e esse era um costume pagão, vender todos da família para a escravidão, e vender tudo o que tinham, para que o que pudesse ser conseguido com essa venda pudesse ser colocado para compensar a dívida.
Agora o princípio é claro, então. Os homens são trazidos diante de um Deus santo. E eles devem dar conta da mordomia da vida, da respiração e da verdade que lhes foram dadas. E eles serão condenados naquele momento por uma dívida de pecado que nunca poderia ser paga – grande demais para ser paga - e eles não têm recursos para pagá-la. E, francamente, Deus tem o poder de entregá-los ao julgamento no inferno. E embora os homens não possam pagar o valor total, ficarão para sempre no inferno pagando o que conseguirem pagar. E eu lhe mostrei que os homens não serão capazes de pagar a dívida no inferno. É por isso que o inferno é para sempre, mas eles vão ficar lá pagando para sempre tudo o que puderem pagar. E assim, essa é uma sentença terrível, mas justa, pois a dívida é real e o homem defraudou o rei.
E então o homem segue o único caminho que lhe resta. Observe o versículo 26: “Então o servo, caindo aos pés dele, implorava.” Agora, aqui está um homem prostrado. Aqui está um homem humilhado. Aqui está um homem quebrantado. Aqui está um homem que sabe que está à beira do julgamento. E ele adora, e diz: "Senhor" - e ele afirma a soberania do rei sobre ele - "Tenha paciência comigo, e pagarei tudo ao senhor." Ele reconhece a dívida. Ele reconhece que é uma dívida legitimamente incorrida no sentido de que ele realmente a deve. Ele reconhece a justiça de sua sentença. Ele não argumenta por justiça. Ele não diz que é injusto. Ele simplesmente diz: "Por favor, seja paciente e eu lhe pagarei tudo.”
Agora, acredito que isso seja uma condenação de pré- salvação. E apenas como uma nota - nós destacamos isso da última vez - a razão pela qual o homem diz: "Eu vou pagar tudo,” é porque ele realmente não entende a enormidade de seu pecado. E eu não acho que qualquer homem realmente entenda. Não é incomum para pessoas que são levadas a momentos de grande convicção sobre seus pecados, que são trazidas face a face com Deus, e o fato de que estão aquém de sua glória, para querer dizer: “Deus, apenas seja paciente. Apenas deixe-me superar isso e eu prometo que vou ser melhor. Vou fazer melhor. Eu vou à igreja. Eu lhe darei a minha vida. Eu farei tudo o que puder.” Esse é um tipo muito comum de reação.
Por exemplo, a vida continua aparentemente sem incidentes e, em seguida, um problema muito, muito grave acontece na família. Talvez um dos filhos tenha uma doença terminal ou seja morto em um acidente, ou o que for. Ou talvez um dos cônjuges morra, fique com câncer terminal ou com doença cardíaca, ou talvez um emprego seja perdido, ou talvez um terrível acidente tenha ocorrido, ou talvez uma pessoa esteja em um local de grande sofrimento em uma guerra ou em uma situação perigosa. Perdido na floresta ou o que quer que seja. E em meio a essa extremidade das circunstâncias, as pessoas veem a falibilidade de sua própria vida. Elas são colocadas face a face com o convencimento. Deus pode permitir que o evangelho entre em sua mente. Pode haver um confronto com a lei de Deus ou a verdade de Deus, da lembrança do passado.
E, nesse momento, não é incomum as pessoas dizerem: “Se você me fizer passar por isso, se você simplesmente me ajudar, farei o que quiser, Deus.” E elas estão realmente dizendo: “Apenas seja paciente e eu pagarei tudo.” E elas realmente ainda não entendem a enormidade de seus pecados ou sua incapacidade de pagar por eles. Mas há verdadeira contrição, e existe verdadeira tristeza, e há quebrantamento genuíno. E vejo isso nesse homem.
E a razão pela qual eu vejo isso é por causa do versículo 27. E essa é a chave para toda a parábola. "Então o Senhor daquele servo foi movido de compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida." Agora, essa é a chave para interpretar a parábola. O homem foi solto. O que isso significa? Ele não tinha nenhuma responsabilidade de pagar essa dívida. Nenhuma. Ele nunca teria de pagar essa dívida. Ele foi liberado dessa dívida. Agora, isso significa que o homem nunca iria para o inferno para trabalhar o que pudesse na eternidade. O homem foi libertado da obrigação.
E depois, em segundo lugar, ele foi perdoado. Ele foi liberado de ter de fazer qualquer coisa, e então o rei fez tudo. Ele apenas o perdoou. Agora, creio que tem de descrever a graça salvadora de Deus. O homem é liberado de qualquer obrigação e é totalmente perdoado. Quaisquer que sejam as outras coisas da parábola que não estejam claras, isso me parece muito claro. Eu não posso ver como você pode interpretar isso de qualquer outra maneira além de dizer que o homem foi liberado da dívida e perdoado. E essa é a essência da salvação.
O próprio rei absorve a perda, e foi exatamente assim na cruz de Cristo. Porque foi na cruz de Cristo que Jesus, em sua própria carne, absorveu a perda. Ele mesmo pagou o preço pelo seu pecado e pelo meu. E assim Deus absorve a perda. Deus sofre a consequência. Deus paga o preço que nunca poderia ser pago. E assim, eu vejo neste homem, então, a substância do verdadeiro arrependimento, e genuína contrição, e mesmo que ele não entenda a enormidade de seu pecado, e ele realmente não entenda como tudo é completamente pela graça, Deus vê em seu quebrantamento o arrependimento legítimo, e lhe dá o que ele precisa tão desesperadamente. Ele o liberta de qualquer responsabilidade de pagar a dívida por conta própria, e lhe perdoa o pecado.
Agora, você pode estar, como eu disse, confuso sobre outras partes da parábola, mas você não precisa ficar confuso sobre isso. E quando você começa por aí, você tem o resto da parábola interpretada. Então, se você quiser pegar seu lápis ou caneta e apenas circular a palavra “perdoar,” essa é a essência do que o Senhor está ensinando aqui. Agora, vimos tudo isso como a compreensão inicial da parábola, e agora passamos para o versículo 28 e a mensagem principal. Isso foi tudo apenas uma base.
Veja o versículo 28. “Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários. Agarrando-o, começou a sufocá-lo, dizendo: Pague-me o que você me deve.” incrível. Isso é absolutamente absurdo. Você diz para si mesmo: “Com que rapidez esse cara esqueceu do que ele havia sido perdoado? Em quanto tempo ele esqueceu a compaixão de seu Senhor?” “O mesmo servo” – e o texto enfatiza - “o mesmo servo que acabara de ser” - o quê? - "perdoado.” O mesmo homem, o perdoado, "saiu e encontrou" - em outras palavras, a ideia é que ele estava procurando por alguém. Esse não foi um incidente que ele não esperava. Ele não encontrou inadvertidamente o sujeito. Ele estava lá fora procurando por esse sujeito. E quem era? Observe: “um de seus companheiros de trabalho.” E aqui somos introduzidos a uma palavra que acho que tem significado na parábola, sundoulon, “companheiro.” E acho que isso identifica esse outro como outro que foi perdoado, outro na família.
E então o Senhor leva a parábola para a família daqueles que são companheiros em Cristo, que estão na comunhão. Ela descreve, creio eu, na parábola, um irmão cristão. É usado consistentemente dessa maneira no restante da parábola nas quatro vezes em que aparece. Então ele encontra outro companheiro, não apenas outro servo em algum lugar do mundo, mas alguém que serve ao mesmo rei, aquele que é um companheiro. E acho que isso pode ser visto como um termo para identificar os crentes nessa parábola.
Agora, esse outro servo não era necessariamente do mesmo nível. Ele talvez trabalhasse sob este primeiro servo. Pode ter sido que ele fosse um governador da província, e esse cara fosse um de seus coletores de impostos locais, mas ambos serviam ao mesmo rei. E o que acontece é realmente um absurdo. É apenas inacreditável. Ele vai, encontra o cara, coloca as mãos sobre ele, agarra-o pela garganta, literalmente, o grego diz "ele passou a sufocá-lo,” e dizendo: "Pague-me o que você me deve."
Agora, deixe-me dar um pequeno pensamento interpretativo aqui por um momento. Se o homem não é um verdadeiro cristão - como alguns querem que acreditemos nesta parábola - se o homem não é um verdadeiro cristão, então toda a parábola em seu contexto se rompe porque o impacto de toda a parábola é que aqui estava um homem que foi totalmente perdoado, certo? E saiu e não iria perdoar.
Agora, se você remover o perdão inicial, se ele não foi realmente legítimo, se ele não foi realmente perdoado, então toda a parábola não faz sentido. Perde inteiramente seu significado. Nós não esperamos que ele perdoe se ele não foi perdoado. Nós não esperamos que ele aja como se Deus agisse se ele não tivesse Deus em seu coração. Nós não esperamos que ele faça o que Deus fez se ele não sabe que Deus fez isso ou se Deus não fez isso.
E o julgamento que veio ao sujeito, no final da parábola, deveria ter sido feito no versículo 27, porque não havia mais nada a lhe dizer. Se o perdão dele não foi genuíno, o resto da parábola não significa nada. Não é uma parábola sobre a salvação genuína. É uma parábola sobre o perdão e a validade do perdão, e um crente que perdoa outro. E o que torna a parábola tão poderosa, tão dramática, é que o cara foi realmente perdoado. Ele foi realmente salvo. E ele coloca as mãos nesse sujeito e começa a sufocá-lo.
Os escritores romanos, os escritores seculares, muitas vezes falam sobre homens que vão até seus devedores e lhes torcem o pescoço, até o sangue escorrer pelo nariz e pela boca. Essa era a abordagem da antiga agência de cobrança. Apenas encontre um cara forte para estrangular o devedor até a morte se ele não pagar. E ele diz: "Pague-me o que você me deve."
Agora, eu vejo o contexto aqui como um cristão indo para outro na família e exigindo pagamento. Este foi ofendido. Talvez a dívida seja real. Talvez seja realmente um pecado contra essa pessoa. Talvez ele realmente tenha sido defraudado de alguma maneira. E ele não vai perdoar. Você diz: "Bem, esse não pode ser um cristão.” Você quer me dizer que não acha que os cristãos têm problemas em perdoar uns aos outros? Eu acho que eles têm. Eu mesmo sou um. Eu experimentei isso.
Os cristãos lutam com isso. A carne entra em cena, não é mesmo, em nossas vidas redimidas? Você tem alguém que lhe deve algum dinheiro? Você pensa nele? Você pode pensar sobre ele? E quantas vezes você o sufocou em sua mente? Temos problemas com isso, às vezes, até na igreja de Jesus Cristo. Você sabe, alguém diz algo que você não gosta e, pelo resto do tempo, na igreja, você evita essa pessoa. Toda vez que você vê essa pessoa, a raiva surge em seu coração. Você tem amargura. Você guarda rancor. O rancor joga de volta todo o lixo do que aconteceu anos e anos atrás, porque você simplesmente não pode se livrar disso. Você, como cristão, não está imune a esse problema. Então, as pessoas que ficam nervosas porque esse sujeito é tão implacável e dizem: "Como poderia um cristão ser assim?" Talvez você realmente não tenha pensado sobre como os cristãos podem ser, porque eles podem ser assim.
Há pessoas nesta igreja exatamente agora que são implacáveis umas com as outras, e causam todo tipo de ansiedade, dor e atrito aqui, e elas são cristãs. Mas elas não conseguem perdoar, porque elas não perdoarão. A carne sobe para buscar sua vingança. E é isso que você tem aqui. É uma ilustração perfeita disso. É como 1Coríntios 6, onde os cristãos estavam processando uns aos outros. Ouça, os cristãos podem realmente fazer isso quando se trata de guerrear uns com os outros. Eles podem realmente guardar ressentimentos, reter amarguras. E é isso que você tem, acredito, aqui.
E assim ele diz: "Pague-me o que você me deve." Não devemos nos surpreender que este seja um cristão. De alguma forma comum. E olhe para a resposta, no versículo 29. “E o seu companheiro caiu a seus pés e implorou-lhe dizendo: Tenha paciência comigo e eu vou pagar-te tudo.” Isso soa familiar? Esse é o mesmo discurso, no versículo 26. O cara recebeu o mesmo discurso que ele deu ao senhor, como se isso pudesse mudar sua mente um pouco. Essas palavras não soam familiares? Não é a mesma coisa que você estava dizendo enquanto implorava pelo seu caso, que era uma quantia insuperável e impagável? E você estava implorando ao rei para deixá-lo livre, e agora um sujeito lhe deve 18 pratas, e você o está estrangulando?
Mesmo as palavras familiares que ecoam nos ouvidos dele não conseguem encontrar uma resposta de seu coração. E o cara está implorando. Ele lhe implorou. Ele está implorando. Isso não é adoração. Ele não diz que se prostrou e o adorou. Isso não é soberano. É de um servo para outro servo. E ele diz: "Olhe, seja paciente, e eu pago tudo a você,” e ele poderia ter pago. Havia possibilidade nisso.
Mas a aplicação é óbvia. Comparados com nossos pecados contra Deus, os nossos pecados - uns contra os outros - nossas ninharias - nossa dívida é impagável. As outras dívidas que incorremos com as pessoas são facilmente pagáveis. Mas o ponto é quando recebemos perdão tão vasto, tão abrangente, tão abrangente, como podemos ser tão pequenos a ponto de não perdoar o outro?
E francamente, pessoal, devemos nos acostumar a perdoar. Nós vamos precisar disso, certo? E podemos querer isso da própria pessoa a quem não vamos dar isso. É inimaginável, mas os cristãos fazem isso. É a razão pela qual as igrejas se separam. É a razão pela qual há atrito. Você tem pessoas em uma igreja, você sabe, talvez alguém faça algo que elas não gostem em suas classes, e ao invés de ser capaz de entregar a situação ao Senhor, e perdoar, e abraçar aquela pessoa em amor, elas simplesmente ficam amargas, e aquela amargura simplesmente se torna divisora e externada. Isso é o que divide as igrejas. Isso é o que devasta a família de Deus.
É inimaginável, mas é mais comum do que gostamos de admitir. E pode ser que os discípulos tivessem isso no meio deles mesmos. Eles estavam, você sabe, lutando para ver quem seria o maior no reino, e para manter a supremacia deles, eles podem ter cultivado no coração certas atitudes em relação aos outros que em sua mente humilharam os outros, que os rebaixaram ainda mais para que pudessem se sentir bem com a exaltação. E eles poderiam muito bem estar guardando ressentimentos.
Bem, olhe a resposta no versículo 30. O cara diz: “Tenha paciência comigo, e pagarei tudo a você. E ele não quis" - "ele, porém, não quis" - "Pelo contrário, foi e o lançou na prisão, até que saldasse a dívida." É inimaginável. Eles não têm compaixão. Essa é uma reação impossível. Ele mesmo recebeu piedade, ele deveria ter piedade. Ele mesmo foi perdoado, ele deveria ter perdoado. Ele mesmo foi amado, ele deveria ter amado. Ele mesmo recebeu misericórdia, ele deveria tê-la dispensado.
Os maiores pecados que um homem comete contra outro homem são nada. Eles são trocados, trocados de bolso, comparados aos pecados cometidos contra Deus. E Deus perdoa todos eles. E quem é o homem para não perdoar menos? O ponto principal do versículo é que ele não perdoaria. E o que dá à parábola seu poder é que ele foi perdoado. Essa é a força do argumento. Como aqueles verdadeiramente perdoados não perdoam? Quando Deus perdoou uma dívida infinitamente maior, quão facilmente nos esquecemos.
Em Tito, sou levado ao 3º capítulo. Ouça o que Paulo diz. "Não difamem a ninguém; nem sejam altercadores" – que não entrem em brigas - "mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens" - com todos os homens. Em outras palavras, você deve ser perdoador. “Pois nós também, no passado, éramos insensatos, desobedientes, desgarrados, escravos de todo tipo de paixões e prazeres, vivendo em maldade e inveja, sendo odiados e odiando-nos uns aos outros.” Quer dizer, nós costumávamos ser assim. “Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor por todos, ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.”
Em outras palavras, ele diz: “Não trate as pessoas como você costumava fazer. Veja o que Cristo fez por você.” É a mesma ideia. E assim, infelizmente, a igreja tem sido crivada toda a sua vida pelo trágico pecado da falta de perdão, e as consequentes amargura, hostilidade e discórdia. E eu realmente acredito que isso é ir contra sua nova natureza, porque eu acredito que se você está no reino, você é uma pessoa misericordiosa. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles obterão misericórdia.” Acho que somos marcados como pessoas misericordiosas. Essa é a nossa novidade de vida. E é só a carne que se ergue e nos torna impiedosos.
Então, considere a fonte. Se você não perdoa, esse não é o novo você; esse é seu pecado, sua carne, saltando em proeminência. E quando você faz isso, você se cortará desse perdão relacional com Deus que torna a comunhão doce. E se você olhasse para sua vida e visse uma falta de poder, e você visse uma falta de profundidade em sua vida espiritual, você visse uma falta de fome pela Palavra de Deus, uma falta de amor pelo lugar privado de oração e comunhão, se você não viu o que gostaria de ver em sua vida da riqueza de seu relacionamento com Deus, pode ser que você nunca tenha isso, porque há um bloqueio ali, e o Senhor não está lhe dando aquele perdão que traz um relacionamento doce com ele porque você o bloqueou em outro lugar com outra pessoa.
E até você perdoar aquele outro, o Senhor não vai abrir o fluxo de comunhão com ele. Então, versículo 31, veja o que acontece. "Vendo os seus companheiros o que havia acontecido" - há esse termo novamente, e aqui está um grupo de cristãos, crentes, que viram o que foi feito. Eles viram a coisa toda. Agora, correndo o risco de uma espécie de leitura na parábola, deixe-me sugerir a você que se essa parábola fosse uma história verdadeira, esses companheiros teriam sem dúvida seguido a sequência de Mateus, capítulo 18, versículos 15-20.
Eles teriam visto este servo implacável, eles teriam ido até ele. Então eles teriam levado dois ou três com eles. Então teriam contado para toda a assembleia, e então eles o teriam colocado para fora se ele não respondesse. Vamos supor que se colocássemos todo o capítulo no contexto, e esta fosse uma história real, que esses companheiros teriam feito todo o possível para fazer o sujeito fazer o que era certo e perdoar a dívida, quer o sujeito tenha ou não reembolsado.
Mas, aparentemente, eles esgotaram essa capacidade, e este servo que está determinado a receber o que lhe é devido por esse sujeito está resistente a todos os esforços deles. "Então, quando seus companheiros viram o que foi feito" - aparentemente, eles viram em primeira mão ali. Eles são testemunhas disso. Eles estiveram envolvidos no processo. Eles fizeram a única coisa que restou. "Entristeceram-se muito." Eu amo isso.
Há duas coisas aqui que se destacam e eu só quero mencioná-las a você. Um deles, havia um servo que era implacável, e havia servos que se entristeceram por isso. Posso sugerir a você que essas pessoas estão agindo de acordo com a nova criação? Essa é a maior parte da atitude daqueles que foram perdoados. Eles são perdoadores. O outro é uma espécie de caso isolado daqui para lá, mas a normalidade, a maioria das pessoas perdoadas por Deus é que elas estão preocupadas em ser perdoadoras. E então aqui você tem o resto das pessoas crentes que se entristeceram por isso porque sabem que foram perdoadas, e elas conhecem o padrão que Deus estabeleceu, e elas sabem como Deus anseia por perdão, e elas entendem a santidade de sua lei, e elas entendem a unidade de sua família, e elas entendem a riqueza da comunhão, e assim elas se entristecem.
É uma palavra forte para "entristecer.” Sphodra significa "excessivamente triste, violentamente triste.” Eles estão muito angustiados, e isso é uma coisa linda quando os cristãos se preocupam com o pecado de outro cristão. Eles estão violentamente, excessivamente tristes com isso, porque há uma falta de resposta à lei de Deus, e à vontade de Deus, e ao caminho de Deus, que está perturbando a comunhão. E o que eles fazem? Esses companheiros, em sua tristeza, "foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera.”
O que você faz quando percorreu todos os passos da disciplina, e a pessoa não respondeu? Então aonde você vai? Você vai ao Senhor, não é mesmo? Eu vejo isso enquanto essas pessoas vão diante de Deus com um coração partido. É uma linda imagem. Se os crentes estivessem preocupados com a pecaminosidade uns dos outros, oh, que coisa de cura haveria na comunhão. Eles vão para a presença do rei. Suponho que eles já foram ao servo e não tiveram sucesso em fazê-lo responder. E diz que eles “foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera.” E a palavra ali é uma palavra forte para “relataram.” Eles lhe deram um esboço cuidadoso e detalhado de tudo. Eles devem ter passado por todo o processo. Não é apenas uma palavra simples para "relataram,” mas uma palavra complexa.
Eles relataram tudo o que havia acontecido. Sem dúvida, eles recitaram todo o processo para o rei e disseram: “Tentamos tudo o que podíamos para resolver isso, e acabamos de chegar ao senhor como último recurso. Estamos tão tristes com este servo implacável.” Esse é o povo de Deus indo ao Senhor em oração sobre um irmão pecador ou irmã pecadora. E eu realmente acredito que temos a mesma responsabilidade de levar isso para o Senhor pelo que eles fizeram.
Bem, a resposta deles foi pesar. Qual foi a resposta do rei? Versículo 32: “Então o senhor, chamando aquele servo, lhe disse: “Servo malvado, eu lhe perdoei aquela dívida toda porque você me implorou.” Pare aí. Qual é a atitude de Deus? Ele vem até o servo e diz: “Servo malvado.”
Agora algumas pessoas ficam nervosas aqui e dizem: "Oh, não pode ser um cristão. Não pode ser um cristão. Deus nunca diria isso a um cristão.” Oh? O que é maldade? Pecado. Os cristãos pecam? Deus poderia dizer a um cristão: “Oh, sua pessoa pecadora?” Sim, não há problema em ouvir isso. Você está agindo de maneira perversa. Um pecado é maldade constituída. Em Romanos 7, como veremos hoje à noite, Paulo afirma sua pecaminosidade, até mesmo como um crente. E assim o Senhor está simplesmente afirmando o que é verdade sobre o cara. Você é uma pessoa pecadora.
Toda injustiça é pecado. "Servo malvado,” e então ele afirma o princípio básico de toda a parábola novamente. "Eu lhe perdoei aquela dívida toda." E você pode sublinhar isso de novo. Essa é a chave interpretativa para a coisa toda. "Eu lhe perdoei aquela dívida toda." Ele não recua e diz: "Rapaz, não deve ter funcionado," ou "talvez a transação nunca tenha sido feita," ou qualquer outra coisa. Não. Ele reafirma a realidade desse perdão total. "Porque você me implorou." E isso adiciona outro ingrediente.
De volta ao versículo 26: “ele se prostrou, adorou, e disse: Tenha paciência, eu farei o meu melhor,” e aqui nós encontramos acrescentado a isso, que ao mesmo tempo ele implorou. Aqui está uma pessoa quebrantada, consciente do seu pecado, levada à convicção, implorando a Deus para ser misericordioso, e foi a partir dessa alegação que ele foi salvo, perdoado e liberado da dívida, e eu acho que foi um verdadeiro perdão. E esse é o coração da coisa toda.
Ele diz: “eu lhe perdoei aquela dívida toda porque você me implorou.” E então, no versículo seguinte, descobrimos: “Será que você também não devia ter compaixão do seu conservo?” O ponto é que se o primeiro perdão não fosse legítimo, o segundo ponto não teria sentido. O senhor está dizendo ao servo: "Se o meu perdão não funcionou para você, então talvez o seu não precise funcionar para outra pessoa?" Não, ele tem de ser legítimo no primeiro perdão, e essa é a substância em que o segundo perdão é construído.
"Você não deveria ter perdoado seu companheiro ou ter compaixão dele porque eu tive piedade de você?" Lenski chama isso de uma monstruosidade moral, de que alguém possa ser tão perdoado e incapaz de perdoar alguém. Veja o versículo 33 por um momento. "Será que você também não devia ter compaixão?" E então ele usa a palavra "compaixão.” Este é um pensamento bonito. Não é que o senhor tenha dito a ele: “Agora você deveria ter dado ao cara a oportunidade de pagar a dívida. Quer dizer, você deveria ter deixado ele trabalhar em liberdade, sem ir para a prisão. Ou seja, você deveria ter procurado a justiça de outra maneira, e obtido a sua justiça.” Não, ele não disse isso. Ele disse: “Você deveria ter tido compaixão e piedade como eu fiz.” E como ele teve compaixão? Ele teve compaixão, liberou-o da dívida e - o quê? - escreveu, absorveu a perda, o perdoou.
Essa é a coisa mais libertadora que existe. É totalmente libertador. Alguém deve alguma coisa a você. Ele fez algo para machucar você. Eles fez algo para irritar você. Ele o ofendeu, disse algo sobre você que não era verdade, disse algo sobre sua esposa que não era verdade, ou seu marido, ou seus filhos, ou o que seja, e fez algo para machucar e ofender você. E ele talvez tenha feito algo para defraudar você economicamente, ou com propriedade, ou qualquer outra coisa, e você vai deixar a coisa queimar em você ou você vai receber o que merece. Não. Apenas tenha compaixão. Ele é fraco.
Gálatas 6.1. "E que cada um tenha cuidado para que não seja também" - o quê? - "tentado.” Apenas considere a fraqueza da pessoa, e quando ela implorar, seja compassivo. Isso é o que você deveria ter feito, porque isso é o que foi feito quando você pediu perdão.
O versículo 34, e agora estamos realmente começando a falar sobre as pessoas corajosas. "E, indignando-se." E aqui as pessoas ficam nervosas novamente. Eles dizem: "Oh, esse não pode ser um cristão.” O Senhor está bravo com um cristão? Certo. O Senhor fica com raiva toda vez que você peca, você não acha? O que o deixa irritado? O pecado o deixa irritado. E se ele não estava com raiva, há algo errado com a sua natureza santa. Ele sempre fica irritado com o pecado. Essa é uma resposta incorporada. O Senhor tem uma santa indignação contra o mal, mesmo em sua vida e na minha.
“E, indignando-se, o senhor entregou aquele servo aos carrascos” - aos carrascos, aos inquisidores - “até que lhe pagasse toda a dívida.” Agora, esse não pode ser um cristão. O que estamos fazendo com esse cristão, entregando-o aos inquisidores, aos atormentadores? Você não acha que poderia ser um cristão? Veja o capítulo 12, de Hebreus, por um minuto.
Hebreus, capítulo 12, versículo 5. “E vocês se esqueceram da exortação que lhes é dirigida, como a filhos?” Isto é para os filhos agora de Deus - filhos, crentes, cristãos. “Filho meu, não despreze a correção que vem do Senhor, nem desanime quando você é repreendido por ele; porque o Senhor corrige a quem ama” - agora, receba isto - “e castiga todo filho a quem aceita.” Todo cristão sente os atormentadores. Todo cristão sente o flagelo. Todo cristão, em algum momento, sentirá os inquisidores pressionando até que confessemos e nos arrependamos. Certo?
“É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.” O cristão será entregue ao inquisidor. Você diz, agora, qual é o ponto aqui? O ponto é que o inquisidor o coloca sob a arma, sob o estresse, sob a dificuldade, sob a pressão, sob o castigo, até você confessar seu pecado, certo? Até você confessar seu mal.
E é exatamente isso que o castigo do Senhor deve fazer. Se você não está perdoando alguém, o Senhor vai colocá-lo sob castigo e, em certo sentido, ele vai apertar os parafusos em você. Ele aplicará a pressão a você até que sua resposta esteja correta. E acho que isso é o que ele quer dizer no final do versículo 34, quando diz: “até que lhe pagasse toda a dívida.” Ele nunca poderia pagar a dívida total; até mesmo um incrédulo não poderia pagar a dívida total.
Então, nesse ponto, a parábola física não pode transmitir a plena compreensão da verdade espiritual. Eu acho que a intenção da parábola é simplesmente dizer que você o coloca sob pressão, até que ele pague o que deve ser pago, à luz do que ele fez. E eu acredito que isso é tudo que diz, que o Senhor nos entrega à correção.
E todos nós experimentamos isso. Em 1Coríntios diz que entre os coríntios alguns deles eram fracos. Eles literalmente perderam a força física por causa da doença. Alguns deles estavam doentes, o que talvez pareça ainda mais grave, e alguns deles estavam mortos. Em 1eJoão 5 diz que esse é um pecado até a morte. O texto de 1Coríntios 5, creio eu, está se referindo a um crente que é literalmente expulso da igreja. Satanás destrói sua carne. Seu espírito será salvo.
Eu acredito que há disciplina e castigo para todo filho que Deus ama, e é quando ele nos coloca nas mãos dos inquisidores, ou dos carrascos, ou dos atormentadores, parabolicamente falando, que aplicam a pressão a nós até admitirmos nosso pecado, e confessarmos nosso pecado. E neste caso, é o pecado da falta de perdão.
Se você se pergunta por que há problemas em sua vida, e se pergunta por que as coisas não estão indo bem, e sente os inquisidores ou os atormentadores em sua vida, sente a pressão sendo aplicada, e a correção aplicada, e você não tem a liberdade, a alegria e a liberdade que você acha que deveria ter como filho de Deus, talvez devesse olhar em sua vida e encontrar algum espírito não perdoador. E enquanto estiver nessa situação e não perdoar da maneira como foi perdoado por Deus, de forma magnânima, total e com compaixão, você não vai sentir alívio desses inquisidores.
Agora, acho que é isso o que a parábola está dizendo, pura e simplesmente. O pecador satisfará a Deus. Ele pagará o que pode ser pago. Ele satisfará a dívida quando estiver quebrantado, arrependido, contrito de coração e entrar na esfera da obediência. A comunhão é restaurada. A correção, em certo sentido, nos faz pagar; é isso que faz. O castigo nos faz pagar com uma visão, não apenas ao castigo como tal, mas ao refinamento como objetivo. Você não pune seu filho apenas com isso em mente. Quando seu filho faz algo ruim, você não bate apenas em torno dele para dar a punição. Você faz isso com o objetivo de mudar o comportamento dele, certo? Para modificar o comportamento dele, assim ele não repetirá da próxima vez. Deus está fazendo a mesma coisa.
Então, como cristãos, esta é uma palavra forte, forte para nós. É uma passagem poderosa, e sua essência é extraída do versículo 35. "Assim também" - assim como na parábola - "o meu Pai, que está no céu, fará com vocês" - e novamente o "vocês" é o grupo de discípulos que são crentes, genuínos - "se do íntimo não perdoarem cada um a seu irmão.” E eu lhe prometo uma coisa. Ele não está dizendo isso aos incrédulos porque há uma coisa que os incrédulos não podem fazer, e eles não podem agir como Deus, uns para os outros, e perdoar.
Estes são cristãos, e ele está simplesmente dizendo, assim como nessa história - quando um sujeito foi perdoado, e ele não perdoou e foi punido - você foi perdoado, e é melhor perdoar ou você vai ser castigado.
Duas coisas se destacam nesta parábola. Um, devemos perdoar - razão positiva - porque fomos - o quê? - muito perdoados. Razão negativa, devemos perdoar, porque, se não, seremos castigados. É uma palavra muito forte. E é para nós.
Lorde Herbert disse: "Aquele que não pode perdoar os outros rompe a ponte sobre a qual ele deve passar." Um velho santo de antigamente disse: "A vingança, na verdade, parece doce aos homens, mas, oh, é apenas um veneno açucarado, simplesmente um fel adoçado, e o seu gosto depois é melhor para o inferno. Perdoar, só o amor duradouro é doce e abençoado. O perdão goza da paz e da consciência do favor de Deus. Ao perdoar, abre mão e aniquila a injúria.
“Trata o injuriador como se ele não tivesse injuriado e, portanto, não sente mais a esperteza e a dor que infligiu. O perdão é um escudo do qual todos os dardos inflamados do iníquo se rebatem inofensivamente. O perdão traz o céu para a terra e a paz do céu para o coração pecaminoso. O perdão é a imagem de Deus, o Pai que perdoa, e um avanço do reino de Cristo no mundo. Seu dever inalterável é claro. Tão certamente quanto nós somos cristãos, homens que experimentaram grande compaixão, que veem em cada homem um irmão em Cristo, e estão avançando para o justo julgamento de Deus, tão certamente devemos perdoar.”
Um grande comentarista dessa parábola é William Arnot; ele escreveu: “Um viajante na Birmânia, depois de cruzar um determinado rio, encontrou seu corpo coberto por um enxame de pequenas sanguessugas que sugavam seu sangue. Seu primeiro impulso foi arrancar os atormentadores de sua carne, mas seu criado avisou-o de que, tirá-las pela violência mecânica, iria expor sua vida ao perigo. Elas não devem ser arrancadas, para que as porções permaneçam nas feridas e se tornem um veneno. Elas devem cair espontaneamente, e assim, serão inofensivas.
“O nativo preparou um banho para seu mestre pela mistura de algumas ervas e ordenou que ele se deitasse ali. Assim que ele se banhou naquele no banho de bálsamo, as sanguessugas caíram. Cada injúria não perdoada,” diz Arnot, “que ronca no coração, é como uma sanguessuga sugando o sangue vital. A mera determinação humana de fazer isso não jogará fora a coisa má. Você deve banhar todo o seu ser na misericórdia perdoadora de Deus, e essas criaturas venenosas imediatamente se libertarão, e você se manterá livre. Você deve banhar todo o seu ser no amor perdoador de Deus.”
Essa é a parábola. Você deve ver o quanto foi perdoado. Podemos ficar por aí orando pela unidade do Espírito e pelo vínculo de paz, mas vamos experimentar isso quando aprendermos a perdoar, não vamos?
Três etapas no perdão. Estágio um, sofrimento. O sofrimento cria a condição que traz a necessidade de perdão. Alguém faz algo para magoá-lo, você sofre, você é ofendido, você está ferido. Em segundo lugar, cirurgia. Cirurgia. Aqui está a resposta interior em que o perdoador realiza uma cirurgia espiritual em sua memória, assim como Deus fez, que não mais se lembra de nossos pecados. Claro que você sofreu, e agora você vai fazer uma cirurgia, e você vai tirar de sua mente todas essas coisas. E você faz isso pelo poder de Deus e pela meditação em seu perdão. Em terceiro lugar, começar de novo. O perdão é completo quando as pessoas que estão separadas são totalmente reconciliadas.
Agora, quando você perdoa, isso não significa que você esquece. Nossa mente retém isso por muito tempo, não é mesmo? Isso não significa que você desculpa o pecado ou o errado. Isso significa que você termina o ciclo de dor e restaura o relacionamento. Isso é o que nosso Senhor está indicando. Somos filhos da família, amados. Nós chegamos como crianças, temos de ser cuidados como crianças, protegidos como crianças, disciplinados como crianças, e precisamos nos perdoar uns aos outros, porque somos apenas humanos. E se nós somos uma sociedade de pessoas que perdoam, nós seremos tão diferentes do mundo, não seremos?
Eu fecho com isto. Em 1976, Simon Wiesenthal escreveu um livro chamado O Girassol. Ele era um judeu sob os alemães durante o tempo de Hitler. Aqui está a sua história. Wiesenthal foi prisioneiro no campo de concentração de Mauthausen, na Polônia. Um dia ele foi designado para limpar o lixo de um celeiro, onde os alemães haviam improvisado um hospital para seus soldados feridos. Perto da noite, uma enfermeira pegou Wiesenthal pela mão e o levou a um jovem soldado da SS que estava em uma das camas. Seu rosto estava enfaixado com farrapos encharcados e seus olhos estavam escondidos atrás da gaze. Talvez ele tivesse 21 anos de idade.
Ele agarrou a mão de Wiesenthal e a apertou com toda a força que lhe restava, e disse que precisava falar com um judeu. Ele não podia morrer antes de confessar os pecados que cometera contra os judeus indefesos, e tinha de ser perdoado por um judeu antes de morrer. E então ele contou a Wiesenthal uma história horrível de como seu batalhão havia assassinado judeus - pais e crianças que tentavam escapar da casa incendiada pelos soldados da SS.
E então ele implorou a Wiesenthal, um judeu, que o perdoasse. Bem, Wiesenthal ouviu a história do homem, primeiro a história de sua juventude inocente, e depois a história de sua participação nos assassinatos maldosos. E no final, Wiesenthal afastou a mão e saiu em silêncio. Nenhuma palavra foi dita. Nenhum perdão foi dado. Wiesenthal não perdoaria, não poderia. Ele terminou sua história no livro com esta pergunta: "O que você teria feito?"
Trinta e duas pessoas eminentes, em sua maioria judias, contribuíram com suas respostas para sua difícil pergunta. Elas disseram que Wiesenthal estava certo. Ele não deveria ter perdoado o soldado da SS. Não teria sido justo. Por que um homem que rendeu sua vontade para fazer o mal monumental espera uma rápida palavra de perdão em seu leito de morte? E que direito Wiesenthal tinha de perdoar o homem pelo mal que ele fizera a outros judeus?
Se Wiesenthal perdoasse o soldado, ele estaria dizendo que o Holocausto não era tão mal. "Deixe o soldado da SS ir para o inferno,” disse um entrevistado. Assim são as coisas no mundo. Mas não é assim na família de Deus. Somos perdoados e devemos perdoar. Vamos nos curvar em oração.
Você pode sondar seu próprio coração por um momento no final do nosso culto. E pergunte a Deus se há falta de perdão em seu coração. Você tem sofrido. Você realizou, pelo poder dele, aquela cirurgia? E então você começou de novo com aquele relacionamento? Talvez você precise retornar um pouco antes disso. Você veio a Jesus Cristo, contemplou uma dívida impagável, prostrou-se e adorou, admitiu a dívida, e implorou por seu perdão? Ele vai perdoá-lo hoje, e transformará você em um perdoador se você pedir a ele.
E aqueles de nós que somos cristãos, que são perdoadores, que são os misericordiosos do mundo, quão feio é quando a carne se eleva para dominar o bem que existe em nós e nos torna não perdoadores. Qualquer coisa que o irrita ou incomoda, qualquer coisa que fique em sua mente, qualquer coisa que faça com que você não tenha total liberdade para amar uma pessoa, seja lá o que eles fizeram, é implacável, e isso é uma barreira entre você e sua comunhão com o Senhor, e pode ser a causa da ausência de alegria e poder em sua vida. Uma verdade muito prática.

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