Grace to You Resources
Grace to You - Resource

CARL: John, acabamos de concluir uma série, mas na segunda-feira uma nova série começa que é de extrema importância para você, aliás, um livro foi lançado recentemente com o mesmo título. O Evangelho Segundo Jesus.

Eu li no Prefácio do livro que você pensa ou disse que você seria mal-interpretado, possivelmente, pelas coisas que escreveu aqui. Talvez essa seja uma boa maneira de começar. Parece que isso é muito importante se você estiver correndo o risco de ser mal-interpretado.

JOHN: Bom, eu acho que isso é verdade, Carl. Eu acho que esse é provavelmente o livro mais importante que eu já escrevi. Eu até diria que talvez esse seja um dos livros mais importantes que já foi escrito, não porque fui eu quem escrevi, mas por causa das coisas que são tratadas no livro.

O Evangelho Segundo Jesus parece, à primeira vista, talvez um pouco comum para as pessoas. O que temos para dizer sobre O evangelho segundo Jesus? Ele morreu na cruz e ressuscitou, e se você crer nele, receberá a vida eterna.

Mas tem uma tremenda confusão sobre esse assunto e pessoas estão se dividindo em posições diferentes. Eu acho que está na hora de fazer uma afirmação clara sobre o que Jesus ensinou sobre o evangelho e voltar ao começo.

CARL: Existe alguma coisa específica ou algum período de tempo que mais ou menos trouxe isso à tona para você? Há alguma coisa que tem lhe preocupado em seu próprio ministério ou no cristianismo evangélico no geral?

JOHN: Faz muito tempo. E talvez leve um pouco mais de tempo para compartilhar onde estão todas as suas raízes.

Quando estava no ensino médio, eu tinha um amigo. Ele e eu tínhamos o costume de ir para a Perishing Square, que é uma praça no meio de Los Angeles, e é um lugar onde mendigos e pessoas rejeitadas costumavam ficar.

A gente ia ali com o único propósito de testemunhar e compartilhar Cristo. Ele era muito ativo em sua igreja; eu era muito ativo na minha. Ele era um amigo muito próximo. Ele jogava na primeira base no time de beisebol e eu na interbase. Jogávamos basquete juntos. Jogávamos futebol americano juntos. O pai dele sempre me dava um trabalho durante o verão. Ele era um amigo muito próximo.

Ele foi para a universidade, e eu não o vi por alguns anos. Quando nós nos encontramos, dois verões depois de começar a universidade, ele me disse que era um ateu.

Eu não sabia o que fazer com isso. Eu não sabia como processar isso teologicamente. Eu não conseguia lidar com isso. Eu não sabia se era possível ele um dia ter sido um cristão e depois se tornar um ateu. Eu sabia que, se você era salvo, era para sempre, então eu tive muita dificuldade para entender o que estava acontecendo.

Quando fui para a universidade, fui o vice-presidente do corpo estudantil. Eu tinha um amigo próximo que era o presidente. De novo, jogávamos no mesmo time de futebol americano na universidade. Ele se tornou um pastor de jovens depois que se formou na universidade. E eu me tornei um pastor de jovens depois que me formei na universidade. Ele era realmente um amigo muito próximo. Ele acabou ensinando filosofia no sistema educativo do estado da Califórnia, envolveu-se com drogas e orgias sexuais, e negou a sua fé.

Esse foi o meu segundo melhor amigo. Eu tive, mais uma vez, muita dificuldade em lidar com isso. Esse era um cara, criado em uma família cristã, o pai dele era um pastor. Ele era um pastor de jovens e depois abandonou totalmente tudo sobre a fé, não só teologicamente, mas também no estilo de vida.

E se isso não fosse o suficiente, eu fui para o seminário, e o filho do diretor era um amigo muito querido. Muito próximo. Ele cantava comigo. Ministrava comigo. Conversava sobre teologia comigo. E ele casou com uma moça budista e se afastou da fé.

Então fiquei realmente em conflito por causa disso e nunca me aprofundei em tentar entender o que estava acontecendo nesse aspecto. E quando comecei o ministério, comecei a perceber que essas coisas eram muito comuns. Pessoas que professavam a Cristo, mas quando você olhava para a vida delas, você simplesmente não enxergava nada. E outras vezes você via claramente uma negação.

Essas experiências em minha vida me forçaram a entender o que realmente era uma salvação verdadeira. E então, como pastor, claro, você faz essa pergunta repetidas vezes porque vê as pessoas entrando na igreja. Elas se entregam a Cristo, são batizadas e alguns meses depois você não sabe onde elas estão. Alguns anos depois, você não sabe onde elas estão. Ou algum rapaz em quem você investe sua vida – eu me lembro de um homem na Grace Church, quando eu cheguei aqui, eu passei um ano com ele. Eu me encontrava com ele toda terça-feira de manhã, às 6:00, e orava durante uma hora com ele. No final do ano, ele deixou sua esposa e sua fé. E esse era um homem bem próximo a mim. Eu não sei, mas eu acho que o Senhor já estava me preparando para encarar esse assunto, porque estava tão terrivelmente próximo ao meu coração.

E então surgiram algumas coisas escritas, e eu lia coisas como: Se você crê em Cristo em algum momento, e nunca mais acreditar nele de novo, e se tornar um agnóstico ou ateu, você ainda é salvo se você creu alguma vez no passado. E esse tipo de teologia está começando a criar um grupo de seguidores, e foi nessa hora que eu percebi que precisava escrever um livro.

CARL: E parece, à primeira vista, e eu tenho certeza que as pessoas que estão escutando possivelmente estão pensando a mesma coisa, que é uma questão de teologia liberal contra uma teologia conservadora. Aqueles que negaram a fé, eles provavelmente não acreditavam nas Escrituras, não é mesmo? Esse é o caso?

JOHN: Não, nem um pouco. Aliás, os que estão defendendo a visão que diz que uma pessoa é salva se ela crê, mesmo se for por um curto período de tempo e depois se afasta, são os conservadores, pessoas que creem na Bíblia.

Eles estão criando uma teologia que diz que salvação é um resultado e é guardada por um momento de fé, existindo ou não uma transformação na vida. E isso me preocupa, porque eu olho para Mateus 7, e eu ouço o Senhor dizer que muitos irão dizer: “Senhor, Senhor! Fizemos todas essas coisas em teu nome”. E essas pessoas não são as que O estão negando; essas são as que estão supostamente O servindo, pelo menos em suas próprias mentes. E Ele lhes diz: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”.

Então, aparentemente, aquele que afirma conhecer o Senhor, mas que tem um padrão de vida de iniquidade, não será admitido no Céu. E nós precisamos ser consistentes em pegar o que Jesus falou e construir nossa teologia do evangelho em cima disso.

CARL: Agora, nos próximos dias da transmissão, nós vamos conversar sobre os detalhes disso, mas talvez um pequeno esboço seria bom aqui, agora. Imediatamente parece que estamos atacando o que muitos de nós conhecemos como o evangelho de Cristo. Você pensa em aceitar a Cristo como um Salvador, pede para que Ele entre em seu coração. Nós podemos lembrar de situações de acampamento ou manifestações e esse tipo de coisa, tomar uma decisão. Estamos dizendo que tudo isso está errado? Fomos guiados para uma direção errada?

JOHN: Não, eu diria que tudo isso está certo. Receber a Cristo é certo, e aceitar a Cristo é certo e decidir seguir a Cristo é certo.

Mas estamos lidando com dois assuntos aqui. Qual é a natureza da fé verdadeira e o que isso produz?

Por exemplo, em outras palavras, você acreditaria que alguém conseguiria fazer uma decisão em direção a Cristo que não era real? Claro que sim, não é? Quem vai negar isso? Existe alguma fé que não é salvadora? Claro. Jesus, se você se lembra, estava confrontando judeus, bem no começo do evangelho de João, e lá diz que muitos creram nele. João 8. Mas ele não se entregou a eles porque sabia o que estava em seus corações. Ele sabia que a fé deles não era verdadeira.

João 6.66: “À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele”. Eles se afastaram. Fizeram compromissos de curto prazo.

Então o que estamos falando aqui é, se é possível crer com uma fé não salvadora – e eu sei que até os demônios creem e tremem, e eles não são salvos – então deve ser muito, muito importante discernir o que é uma verdadeira fé salvadora.

Então queremos discernir isso. O que significa realmente aceitar, receber, entregar sua vida a Cristo?

CARL: Agora entramos no assunto – Eu estou pensando em como o evangelismo é normalmente feito, ou pelo menos na maioria dos ambientes evangélicos – estamos falando sobre o momento da salvação e depois da importância de garantir a salvação da pessoa e por aí vai. Estamos tomando uma porção daquele próximo passo e dizendo, como podemos saber se somos salvos?

Existem diferenças, em outras palavras, entre o que eu devo fazer e como posso saber?

JOHN: Sim, e eu acho que esse é o segundo ponto. A primeira coisa que você quer saber é qual é a natureza da fé salvadora para que possamos discernir a fé verdadeira da fé falsa e não-salvadora?

E a segunda pergunta é, qual é o resultado da regeneração? Esse é o ponto.

Se você foi regenerado, nascido de novo, recebeu uma nova vida, se você é uma nova criatura em Cristo, você será o mesmo? Ou será diferente?

Se você é nascido de novo e tem uma nova natureza e um novo coração, e Deus toma o seu coração de pedra e coloca o Espírito Dele em você, você vai negar a fé? Você vai negar a Cristo? Você se tornará ateu?

Vê? Esse é o ponto. O que a regeneração faz com você? Eu estou convicto de que a Bíblia diz que vai transformar a sua vida para que você ame a Deus, você ame a Cristo e você creia na Bíblia. E você começa a viver uma vida de obediência que segue a Cristo.

Não é que – e eu quero deixar isto bem claro – não é que você se torna perfeito. Isso não acontece. O que acontece é que você tem um novo desejo.

CARL: Mas, imediatamente, parece que você está dizendo que isso é muita perfeição, John. Você espera que tenhamos uma vida perfeita.

JOHN: Não, é muito simples Carl. Eu diria o seguinte, se você me perguntar qual é o ponto mais básico característico de uma pessoa verdadeiramente convertida, eu diria que é o seguinte: a pessoa que foi genuinamente convertida, transformada, que recebeu uma nova natureza, e então começou a exercer uma fé verdadeiramente salvadora, ela foi transformada. Essa pessoa, no ponto mais básico, vai amar a Jesus, entendeu?

Não significa necessariamente que porque nós amamos Jesus nunca vamos ofendê-lo. Significa que, quando O ofendemos, dói em nós, porque nós violamos esse amor.

Os cristãos não são perfeitos. Os cristãos vão sentir a dor da sua imperfeição, porque isso viola o Deus que eles amam.

Lembra do que Paulo disse em 1Coríntios 16.22? Ele diz: “Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata”! Maldição vem para aqueles que não amam a Cristo. O contrário, bênção, deve vir para aqueles que amam a Cristo. Isso é o que Pedro disse: “a quem, não havendo visto, amais”.

Esse é o ponto base característico de um cristão. Se eu digo para uma pessoa: você ama o Senhor Jesus Cristo? Ou se pergunto para ela: diga-me, como você se sente sobre o Senhor Jesus Cristo? Eu poderia, provavelmente melhor do que com qualquer outra forma, discernir a realidade do estado do coração dela.

Se eles me dizem: Eu não gosto de Cristo, nem um pouco; ou se disserem: Eu não tenho interesse nenhum nele, eu nem estou me importando com qualquer decisão passada que já fizeram. Eu não sei o que fizeram no passado, mas se eles conseguem dizer francamente que não têm interesse algum em Cristo. Ele não me obriga a fazer nada. Eu não tenho desejo de seguir a Ele, isso não é o Espírito se movendo e não existe evidência de uma nova natureza.

A pessoa, vamos dizer, foi pega em adultério ou está cometendo um pecado, podemos perguntar para ela, como você se sente com o Senhor Jesus Cristo? E ela responde: Eu amo o Senhor Jesus Cristo e eu odeio que eu O ofenda. Aí, sim, você está falando de alguém que tem uma natureza diferente, e mesmo sabendo que a nossa natureza foi reformada, como nós ainda estamos na carne, a nova natureza está inibida e contida por causa do pecado que habita em nós, Paulo diz isso em Romanos 7.

CARL: Estamos falando hoje sobre o último livro do John MacArthur, O Evangelho Segundo Jesus, e a partir de segunda-feira, na transmissão, vamos apresentar uma série de mensagens que foram pregadas para a congregação dele, no sul da Califórnia, que lida com esse tópico e, se o Senhor quiser, no final da série, teremos a chance de voltar e fazer algumas perguntas específicas. E, sem dúvida, teremos muitas perguntas.

Tendo isso em mente, o livro, que acabou de ser lançado, quais são os tipos de perguntas que têm sido feitas? Qual é a mais comum?

JOHN: Bom Carl, inicialmente, eu acredito que as pessoas que queriam inventar um evangelho que era simples e, no meu ponto de vista, fácil, essas pessoas tinham uma motivação pura. Eu realmente acredito nisso. E a motivação delas era ter certeza de que elas não iriam poluir a graça pura.

CARL: Assim como eu.

JOHN: Está certo. Isso mesmo. No livro, eu defendo que existem pessoas que querem celebrar “Tal qual estou,” e elas vão um passo adiante, e dizem: ele não só aceitará você tal como está, mas o deixará da mesma forma. E é isso que nós não aceitamos.

Mas eu realmente acredito que essas pessoas queriam preservar a graça, e elas tinham medo de que se você colocar arrependimento e compromisso genuíno dentro do ato de crer, de alguma forma, você estaria adicionando obras na graça.

Então no livro eu deixo bem claro o fato de que eu estou convicto de que a salvação é pela graça, por meio da fé, sem mais nada.

Aliás, eu acredito que até a fé que temos para crer é um presente gracioso dado por Deus. A salvação é pela graça. O arrependimento dos pecados é um presente gracioso dado por Deus. A vontade de seguir e obedecer a Cristo é um presente gracioso dado por Deus.

Não é uma situação onde, e aqui é onde a crítica vem, quando você diz para uma pessoa purificar sua própria vida, a pessoa tem de estar disposta a ser obediente, a pessoa tem de render sua vontade a Cristo.

Não. O que eu estou dizendo é que, quando o Senhor produz a fé salvadora, ele graciosamente produz também o arrependimento, a submissão e a vontade de obedecer.

CARL: Bom, como é essa fé salvadora? Intelectualmente, você já indicou que nós podemos crer em muitas coisas que não existem. Existe algum tipo de emoção ou algum tipo de vontade envolvida com tudo isso também?

JOHN: Sim. E essa é uma pergunta muito astuta, Carl, porque se você diz que é simplesmente crendo, o que você quer dizer? O que você está querendo dizer com isso? Você está dizendo que não existe nenhum momento onde a fé se torna algo operante? É só algo na minha cabeça, e pronto?

Não, eu acho que a fé no Novo Testamento, a fé salvadora, é um verbo, e não um substantivo. Não é uma coisa. É uma forma de viver. E por isso que o termo, pisteuo, que significa crer, é geralmente usado no caso da fé salvadora no presente. Uma ação linear e contínua. Você não crê em um momento. Você é um crente. Você está crendo.

Então eu acho que a essência da fé é que ela se torna um padrão de pensamentos que se transforma em um estilo de vida.

Colocando de uma forma bem simples, esse também é o subtítulo que usamos no livro – o que significa quando Jesus diz: segue-me? Uma outra forma de abordar alguém, em vez de dizer ‘você vai crer,’ é dizer ‘você está disposto a seguir Jesus Cristo?’ Jesus disse isso. Ele disse o seguinte: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Quem me conhece guarda os meus mandamentos.” Então é uma crença contínua que traz uma mudança de comportamento. O que eu quero dizer é que a nossa vida é um reflexo das nossas crenças. Se elas são crenças verdadeiras.

CARL: Agora, imediatamente, o pensamento que vem à mente de novo é o que pensamos ser um evangelismo evangélico – essas duas palavras nem precisam estar juntas; uma já é o suficiente – mas parece que o processo que temos, que você e eu experimentamos, e eu não tenho dúvida nenhuma de que os nossos ouvintes também já passaram por isso, é que houve um horário específico e um dia – e até parece que estamos falando de um processo ao invés de ser hoje, no dia 19 de setembro, ou outro dia qualquer.

JOHN: Não é um processo no sentido de que a salvação é um milagre específico. É um processo a partir desse ponto.

Não estamos falando de um processo para obter a salvação. Mas estamos falando de um processo que começa depois da salvação.

Não estamos falando de um caminhar para chegar à salvação. Estamos falando sobre ser salvo, e o resultado disso é uma mudança de vida.

Eu não acredito, nem por um momento, que a salvação seja um processo. Eu acredito que a salvação é um milagre específico que acontece por causa da obra soberana de Deus no nosso coração, e eu acredito que existe um momento em que a pessoa passa da morte para a vida. Existe um momento de um novo nascimento.

Mas eu também acredito que isso dá início a uma nova vida, e o resultado desse milagre específico começa a se desenvolver ao longo da nossa vida inteira, e chega ao clímax na eternidade, quando somos transformados à semelhança de Cristo.

Agora eu percebo que existem algumas pessoas que estão criticando isso porque elas não entendem o que eu estou dizendo. Algumas pessoas dizem, isso é um ataque à graça? Absolutamente não. Eu estaria dizendo aqui que você precisa fazer algumas obras humanas pré-salvação para chegar numa posição para ser salvo? Absolutamente não. Isso significa que depois de se tornar um cristão você nunca mais vai pecar? Absolutamente não.

CARL: E o que você diz sobre a lei e a graça? Aqui parece que estamos passando por alguns passos específicos até a graça ser aplicada.

JOHN: Bom, claro, o mistério do novo nascimento é realmente um mistério. Eu não acho que existam – como eu posso formular isso melhor? Passos específicos para a salvação num ponto de vista humano. Eu acho que Deus nos salva de formas maravilhosas, mas eu acho que existem alguns ingredientes.

Em outras palavras, alguns dizem, bom, primeiramente você precisa se arrepender e depois dizer que você está disposto a servir, e depois se render, e aí então você é salvo?

Eu não sei a sequência e eu não enxergo isso como passos. Mas o que eu diria simplesmente é que a Bíblia nos ensina que quando Deus salva você, ele produz em seu coração o arrependimento do pecado e um desejo de seguir ao Senhor Jesus Cristo.

E eu não estou dizendo nada mais além disso. Existe uma mudança – essencialmente uma mudança na motivação. Essencialmente uma mudança de desejo. O que eu quero dizer com isso é o que eu já disse frequentemente, que se alguém tem um temperamento ruim, é mal-humorado, um incrédulo amargo e depois se converte a Cristo, ele provavelmente será um cristão com um temperamento ruim, mal-humorado e amargo até que o Senhor e o poder do Espírito Santo comecem a quebrar, moldar e amadurecer o indivíduo.

O pecado é uma realidade, e se dissermos que não temos pecado, fazemos de Deus um mentiroso. Mas eu realmente acredito que nós podemos buscar ter um progresso em nossas vidas à semelhança de Cristo e esse progresso, esse processo depende da obediência e o que os antigos reformadores chamavam dos meios da graça: oração, estudo da Bíblia e esse tipo de coisa.

CARL: John, eu sei que teremos um tempo para fazer perguntas específicas e talvez algumas perguntas mais detalhadas quando concluirmos esta série dentro de alguns dias, mas isso que você está falando, é uma novidade? Porque até certo ponto, parece ser contrário ao que tem sido ensinado nos últimos anos.

JOHN: Carl, não é novidade e eu até seria ousado o suficiente em dizer que isso nem é algo controverso. Isso é o que a igreja sempre ensinou. Simplesmente tem se tornado enlameado porque algumas pessoas estão dizendo coisas que não foram esclarecidas.

Isso não é novidade e não tem nenhuma razão, afinal de contas, porque esse livro deveria ser considerado controverso. Não deveria ser. Eu nem quero me envolver com controvérsias, só se for uma controvérsia com Satanás e o inimigo.

Isso não é controverso. É a Escritura, e não é novidade. Existe um capítulo inteiro no livro que coloca de forma cronológica a história inteira da doutrina, que era algo extremamente claro na história da igreja, e eu concordo com essa tradição da história da igreja que sempre aceitou essa doutrina como verdadeira.

CARL: Sob o risco de parecer que estou explorando os fatos que têm acontecido na história do cristianismo nos últimos anos recentes, o que O Evangelho Segundo Jesus, este livro e esta série que você tem apresentado têm a ver com os escândalos que têm acontecido e outras coisas parecidas? Existe uma certa preocupação de que essas pessoas estão sendo induzidas ao erro e de que essa parte do que realmente é o evangelho está sendo diluída em tudo isso?

JOHN: Bom, se queremos ter certeza de que não estamos fazendo parte de nenhum escândalo em nenhuma área, devemos ter certeza também de que não estamos fazendo escândalo com referência ao evangelho.

Eu não consigo pensar em nada mais horrível do que ter um homem ou uma mulher que está ensinando alguma coisa que não é o verdadeiro evangelho porque isso condena pessoas. O que quero dizer com isso é que, se você está passando a mensagem errada para as pessoas, isso é mortal. É fatal.

Eu também penso, olhe para os escândalos da igreja de hoje, todos esses casos de adultério e todas as outras coisas. Eu acho que nós temos dentro da igreja um número muito grande de pessoas que ainda não são convertidas. Pessoas não salvas.

Eu não vou começar a julgar um grupo específico de pessoas, mas eu acho que existem muitas pessoas que vão chegar e dizer: “Senhor, Senhor”. E Ele vai dizer: “Apartai-vos de mim. Nunca vos conheci”.

Existem muitas – usando a parábola em Mateus, existem muitas virgens sem óleo. Existem muitas pessoas que são religiosas. Estão andando por aí, pensando que são as noivas e que vão ser convidadas para o casamento. Mas quando chegar a hora de ver se a luz está acesa, não estará. Não têm óleo. E elas estão nas trevas, e não na luz.

Eu pessoalmente acredito, Carl, que as igrejas estão lotadas de pessoas não salvas. E em muitos casos, o que realmente é assustador, é que essas pessoas pensavam que tinham tomado “uma decisão” em algum ponto no passado. E elas se prendem àquela decisão.

Eu ouvi recentemente – vou lhe dar uma ilustração. Aliás, eu ouvi isto nesta semana. Uma família que enviou seu filho para um acampamento. No acampamento do ensino médio, esse jovem se quebrantou e confessou que Jesus Cristo era o Senhor e Salvador de sua vida. O líder dos jovens falou para os pais que o jovem fez um compromisso genuíno com Cristo e confessou seus pecados e estava extremamente animado com sua nova fé. E os pais ficaram muito irritados, porque eles disseram que estavam com ele quando ele fez essa mesma decisão quando era uma criança. Como aquele líder dos jovens poderia questionar a realidade daquela decisão? E eles tiraram o rapaz do grupo dos jovens.

Isso é assustador. Eles prefeririam acreditar em algum fato que aconteceu no passado do que num coração presente quebrantado, contrito, arrependido e obediente. Eu não sei quantos pais são assim, mas o que eu acho assustador é que, olhando para isso tudo, a igreja está cheia de pessoas que estão debaixo da ilusão de que são cristãs e que isso não muda a forma de viver delas. Elas estão olhando para um fato no passado como se só aquilo fosse importante.

CARL: Eu tenho certeza de que a direção do livro é para o indivíduo, e para terminar a conversa de hoje, e ir para essa série que começa na segunda, talvez devêssemos descrevê-la mais uma vez – eu sei que a intenção é de olhar para meu próprio coração, não olhar para os outros e usar isso para orientar e saber se a pessoa é salva ou não, mas é para saber se eu sou salvo. O que podemos dizer? O que devo fazer se estiver examinando meu próprio coração? Quais serão as perguntas e as respostas?

JOHN: Sem querer me gloriar, eu acho que todo mundo deveria ler este livro. Eu acho, como já disse antes, que é o livro mais importante que já foi escrito. Eu acho que devemos estar certos sobre o evangelho, e vocês, que estão escutando, vocês também precisam estar certos sobre o evangelho também.

Se você está questionando a sua salvação, se você está lutando com isso, você precisa olhar cuidadosamente para essas verdades e examinar a sua vida à luz da Palavra de Deus, e você vai ver se está genuinamente salvo; este livro vai fazer você se regozijar porque você vai ter uma tremenda segurança baseada nas verdades que estão ali.

Mas se você o ler e ainda não for um cristão, isso será revelado para você. É um bom livro para presentear outras pessoas e orar para que Deus o use como, talvez como uma faca, de certa forma, para cortar e abrir algumas coisas para que possam ser reveladas e ver o que realmente são.

CARL: John, um dos editores do livro escreveu no prefácio, O Evangelho Segundo Jesus, o título do seu livro, “claramente ensina que não existe vida eterna sem se entregar ao senhorio de Cristo”. E imediatamente eu sei que pessoas podem reagir positivamente ou negativamente. Mas o que ele quis dizer aqui?

JOHN: Bom, a única coisa que ele quis dizer é que você não é um cristão a não ser que você siga a Cristo. É básico. Ser um cristão significa seguir a Cristo. Jesus até disse aos seus discípulos: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”.

Eu queria usar isso mais frequentemente. Eu gostaria de ouvir evangelistas e pastores, em vez de dizer, ‘queremos chamar vocês para tomar uma decisão,’ ou ‘queremos chamar vocês para crer em Cristo,’ essas não são frases ruins, mas não seria muito mais enriquecedor chamar as pessoas para seguirem a Jesus Cristo? Isso soa como algo a longo prazo e tem uma realidade maior.

Então chamar as pessoas para seguirem a Jesus Cristo é realmente o que estamos dizendo, e estamos reconhecendo que Ele é Senhor. Basicamente, em Romanos 10.9 e 10, diz: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”.

Então confessar Jesus como Senhor não parece ser mais do que a Bíblia está pedindo. Mas eu acho que implica que se Ele é Senhor, ele está no comando, e se ele estiver no comando, então eu estou disposto a seguir.

CARL: John, eu acabei de concluir uma série na transmissão, O Evangelho Segundo Jesus, e eu sei que temos muitas perguntas. Primeiro, vamos encorajar os ouvintes a obter uma cópia do livro e das gravações para ouvir. Isso vai ajudar a responder muitas perguntas. Mas a primeira que vem à mente, talvez até pessoal, é: quando eu me tornei um cristão eu nem sabia o que significava Senhor.

Eu entendi que eu ia morrer algum dia, e se eu não tivesse Cristo como o meu Salvador, eu não iria para o céu, e talvez isso fosse tudo o que eu entendia. Isso significa que a salvação não tinha acontecido ainda?

JOHN: Não necessariamente. O que isso significa é que talvez você não tivesse entendido todas as implicações plenamente naquele momento.

Eu poderia lhe perguntar agora, olhando para o momento da sua salvação, depois que você entregou a sua vida a Cristo, ou seja lá como você denomina aquele momento, você teve um desejo de obedecê-lo?

CARL: Sim.

JOHN: Segui-lo? Fazer a Sua vontade? O Espírito de Deus começou a produzir isso em sua vida.

Eu não estou dizendo que todo mundo no momento da salvação plenamente entende todas as implicações do senhorio de Cristo. Eu não estou dizendo que a pessoa no momento da salvação entende plenamente a pecaminosidade do pecado. Eu não estou dizendo que no momento da salvação a pessoa ama a Deus plenamente com todo o seu coração alma, mente e força.

O que eu estou dizendo é que, quando Deus salva alguém, Ele começa a produzir essas coisas na vida dele: um amor por Ele que cresce, uma vontade de obedecer que aumenta, um ódio crescente pelo pecado.

Mas eu acredito que essas coisas estão, pelo menos de forma embrionária, dentro do coração da pessoa que está exercitando a fé salvadora.

Quando você recebe a Cristo, de forma muito real, você está se afastando do pecado. Você está vindo e dizendo: “Senhor Jesus, eu quero que perdoe os meus pecados”. E ao fazer isso, você está reconhecendo o Senhorio dele. Ou pelo menos está reconhecendo que Ele é o Senhor da sua vida no sentido de que Ele pode lhe transformar. Ele é soberano sobre o seu pecado no sentido de que Ele pode lhe perdoar. Ele é o zelador e você está entregando a sua vida a Ele; de certa forma, você está reconhecendo isso.

Assim, eu realmente acredito que tem de existir algum tipo de elemento básico de se afastar do pecado, de arrependimento, e submissão a Cristo para Ele perdoar o seu pecado, lhe conduzir, lhe guiar. Você está entregando a sua vida em suas mãos, por toda eternidade, não é mesmo?

CARL: Certo.

JOHN: Esse é um grande compromisso em sua vida que afirma que Ele está no comando, de certa forma. E como eu digo, não é necessariamente uma compreensão abrangente, mas está lá de alguma forma, e eu acho que Jesus deixou bem claro na parábola do jovem rico, quando ele disse: “se você reconhecer o seu pecado e não estiver disposto a me seguir, esquece”.

CARL: Eu acho que é importante repetir uma coisa que você disse no começo desta série, aproximadamente duas semanas atrás. Você disse que aqueles que estão no lado oposto não estão no meio da multidão liberal que já têm negado as Escrituras como sendo a Palavra de Deus, ou já têm negado outros aspectos importantes da fé e teologia, mas essas pessoas fazem parte da comunidade evangélica.

JOHN: Sabe aquela citação que eu tenho no livro, é uma frase de um homem que disse: “Se nós acreditamos que somente aqueles que seguem a Cristo de forma séria ou de boa vontade são salvos, isso significa que somente alguns são verdadeiramente salvos”. Essa foi a citação.

E a minha resposta a isso foi: “Mas isso é exatamente o que Jesus disse. Você definiu a questão”.

Então mais uma vez eu acho que essas pessoas que criaram essa forma de pensar tinham uma motivação, primeiramente, em tentar manter a graça pura e não colocar mais nada na graça, e eu acho que elas deixaram tudo demasiadamente simples. Mas em segundo lugar, eu também acho que elas tinham uma paixão em ver o maior número possível de pessoas salvas, e é muito difícil lidar com o fato de que muitas, muitas pessoas estão perdidas, e poucas serão salvas, de acordo com o que Jesus disse.

E eu acho que no desejo de, como eu posso dizer? Tentar de certa forma tornar o evangelho abrangente para conseguir fazer com que mais pessoas fossem salvas, elas também o simplificaram demais. Eu me lembro de conversar com uma mulher, certa vez, uma jovem mulher, que disse que ela nunca iria acreditar na doutrina do inferno. Ela nunca iria conseguir acreditar no inferno porque a mãe dela morreu sem Cristo, e no momento em que ela acreditasse no inferno, a mãe dela estaria, na mente dela, condenada para uma eterna perdição. Então ela teve de desenvolver uma teologia onde não existia o inferno, e assim, ela conseguiria tirar a sua mãe de lá.

E eu acho que, de certa forma, isso está se transformando em uma teologia que quer desesperadamente salvar algumas pessoas, mas não é assim que devemos abordar isso. Você tem de encarar com uma perspectiva bíblica.

CARL: Alguns de nós podem se lembrar de ter aprendido – você até fala sobre isso no livro – em 1Coríntios, sobre duas classificações, potencialmente, de Cristãos: viver em um estado carnal e viver em um estado espiritual. Eu acho que você não concorda, ou não parece que você concorda, que existem duas classificações?

JOHN: Bom, eu diria que eu concordo que existem dois tipos de condições. Eu penso que carnalidade e espiritualidade, seguir a carne e seguir o Espírito, são absolutos. Em outras palavras, em qualquer momento de minha vida, como cristão, eu estou fazendo uma coisa ou a outra. Eu estou me movendo na carne ou no Espírito. Todo Cristão é assim. Esses são os absolutos.

No momento em que um indivíduo é salvo, ele pode se mover no Espírito, e 50 anos depois de estar salvo, ele pode se mover na carne.

Assim, acredito, sim, que um crente possa ser carnal, se você gosta desse termo. Eu também acredito que um crente possa ser espiritual, ou que esteja no Espírito.

O que eu não acredito é que essa carnalidade ou um cristão carnal seja uma categoria que você escolhe permanecer de forma permanente até alcançar o segundo nível. Em outras palavras, eu não acredito que os Cristãos possam ser divididos e então se dizer: “Bom, aqui estão os carnais, que não são obedientes, e aqui estão os espirituais, que são obedientes.

Eu acho que eu precisaria fazer uma pergunta: “Se você se mover para o campo espiritual, se você aceitou essa visão, você poderia voltar novamente e se tornar um cristão carnal? Eu acho que isso seria muito difícil.

Elas vão além disso e dizem: “Bom, existem aqueles cristãos que entram no Reino, mas não o herdam. Em outras palavras, eles são meio abençoados no céu, eu acho”.

Eu não enxergo assim, de forma alguma. Eu penso que todos nós estamos na mesma categoria. Todos nós temos uma nova natureza. Todos nós somos novas criaturas em Cristo. Todos nós amamos o Senhor Jesus Cristo, e temos um desejo de fazer o que é certo. Nós odiamos o pecado. Mas nós também somos invadidos por nossa carne. Nós somos tanto Espírito e carne, conforme passamos pela nossa vida porque, às vezes, nós pecamos e as vezes nós obedecemos.

Mas dizer que existe uma categoria em que você simplesmente permanece um cristão carnal e existe então uma categoria em que você permanece um cristão espiritual, realmente me parece alguma tradição, um tipo de teologia de segunda obra da graça ou de segunda bênção que eu não vejo nas Escrituras.

CARL: Imediatamente pensamos em formas de como vamos definir isso ainda mais para nós mesmos pessoalmente ou, especialmente, para algum ente querido, como você indicou antes. É difícil mudar a nossa teologia, ou querer mudar a nossa teologia quando isso envolve um ente querido. Mas como podemos saber? Se você pensar em exemplos do Antigo Testamento. Davi caiu. Bom, se tivéssemos pego Davi naquele momento específico, nós diríamos: “Davi, você está fora”.

JOHN: Se Davi tivesse pecado da forma que ele pecou e virado as costas para Deus, tornando-se um agnóstico ou um ateu, eu teria questionado a sua salvação. Porém, tudo o que você precisa fazer é ler o Salmo 32 e depois ler o Salmo 51, e você vai ver Davi clamando das profundezas do seu coração: “Pequei contra ti, contra ti somente”. O seu coração estava quebrantado. Ele clama a Deus para purificá-lo com hissopo e torná-lo puro.

Esse é o coração. Essa é a atitude do coração que demonstra o amor por Deus que está ali. Assim, Davi seria uma ilustração clássica do santo pecador que está quebrantado pela sua pecaminosidade.

CARL: E Salomão? Me parece que toda a sua vida, tentando de tudo, ele não conseguiu melhorar. Sempre piorava.

JOHN: Bom, Salomão é uma situação difícil, imagino, de certa forma. Embora eu pessoalmente acredite que nos primeiros anos de vida de Salomão ele obviamente tentou de tudo que ele poderia fazer, imagino eu, incluindo as mulheres e, pelo que entendemos, enormes estábulos de cavalos, com muito ouro, riqueza e todo esse tipo de coisa.

Mas eu acho que, quando ele chegou no final de sua vida, escreveu Eclesiastes, e eu acho que ele olhou para a sua vida e fez algumas avaliações muito profundas. Ao escrever Eclesiastes, me parece que Salomão chegou à conclusão de que a essência da vida não estava nas coisas que ele buscou em sua juventude.

Assim, novamente, em que momento Salomão se converteu? Eu não sei em que momento ele se converteu, mas ele certamente dá um ótimo conselho no último capítulo de Eclesiastes, quando ele diz: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer.”

Isso me faz pensar que Salomão pode não ter reconhecido o Criador nos dias de sua mocidade, e não foi assim até que os anos se passaram, e ele começou a entender a realidade do que Deus desejava.

No final de sua vida, ele sem dúvida olhou para trás e escreveu Eclesiastes, e escreveu os provérbios de grande sabedoria; sabedoria que ele aprendeu não somente por inspiração divina, mas pela experiência.

CARL: O Evangelho Segundo Jesus é o título do seu novo livro, e nós acabamos de completar a série na transmissão. Eu sei que aqui se encaixa toda a discussão a respeito da teologia da dispensação. Para aqueles que talvez não estejam nos meios teológicos e não saibam o que isso significa, talvez nós pudéssemos explicar isso primeiro. Mas qual é o papel disso em todo o cenário?

JOHN: Bom, existem algumas pessoas que interpretaram a Bíblia, Carl, de uma forma meio cronológica e categórica. Em outras palavras, elas diriam que Gênesis e o Pentateuco, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio foram escritos para certas pessoas em um momento específico.

O que é dito pelos profetas foi direcionado a certas pessoas em momentos específicos. O que foi dito por Jesus foi direcionado a certas pessoas em um momento específico. O que foi dito por Pedro, a mesma coisa; por Paulo, a mesma coisa. Assim, eles desenvolveram o que seria uma visão dispensacionalista bem rígida e quase fixa. Isto é para este grupo, isso é para esse grupo, aquilo é para aquele grupo. E as coisas não transcendem o seu lugar cronológico na história. Essa seria uma visão extremamente dispensacionalista. Isso até mesmo poderia ser chamado de Hiperdispensacionalismo.

Eu sou um dispensacionalista, e a base para mim é que eu creio que Deus operava de formas singulares. Categoricamente, por exemplo, Deus se relacionou com o homem de uma forma antes da queda, e de outra forma depois da queda. De uma forma antes da cruz, e de outra forma depois da cruz. De uma forma nesta era, e de outra forma na era porvir da eternidade.

Assim, houve dispensações ou economias nas quais Deus fez as coisas de forma singular. Portanto, eu afirmaria o dispensacionalismo como uma hermenêutica válida, ou um princípio para a interpretação Bíblica de uma forma que as coisas se encaixariam e poderiam ser entendidas de uma forma melhor

Porém, tem algumas pessoas que considerarão o evangelho de Jesus, certo? O que Jesus ensinou, o Sermão do Monte, outras coisas e dirão: “Aquilo foi antes da cruz, antes da ressurreição, em uma era judaica, e não tem nada a ver com a igreja. Portanto, não tem nada a ver conosco”.

Assim, um dos argumentos contra até mesmo estudar O Evangelho Segundo Jesus é dispensacionalizar isso e dizer que cada coisa se encaixa em uma coisa. Isso é algo assustador, porque agora o que você acabou fazendo foi tornar o ministério e o ensino de Jesus absolutamente irrelevante

CARL: Desta forma é a era da igreja. Eu acho que esse seria o argumento.

JOHN: Sim.

CARL: Esta é a era da igreja, mas isso só começou depois da cruz.

JOHN: Certo. Então, o que a gente deveria fazer é, em vez de termos uma Bíblia com letras vermelhas, com as palavras de Jesus em vermelho, nós deveríamos ter uma com as palavras de Paulo em vermelho, porque elas são as únicas que importam.

A gente não pode fazer isso porque, primeiro, tudo o que as epístolas pretendiam fazer era esclarecer o ensino de Jesus. Se elas são, em qualquer sentido, contraditórias ao ensino de Jesus, nós temos um problema. E, se em qualquer sentido, o ensino de Jesus foi irrelevante para a era da igreja, então por que os apóstolos e os escritores construíram sobre Seu ensinamento?

CARL: Mas, e a mensagem aos judeus, e depois aos gentios. Isso não foi diferente? Nós falamos sobre economias diferentes. Parece que o evangelho, quando Jesus o comunicou aos judeus, foi feito de uma forma diferente de nós.

JOHN: Sim, mas para ambos não há salvação em nenhum outro nome porque não há outro nome debaixo do Céu dado entre os homens pelo quais nós devamos ser salvos. A salvação é somente em Jesus Cristo, e não há outra salvação. Assim, só pode haver uma salvação.

Portanto, quando Jesus fala a respeito de salvação, vida eterna, entrar no reino, quando ele fala a respeito de nascer de novo e regeneração para o Nicodemos, seja Jesus ou Pedro falando sobre isso, seja Paulo falando sobre fé ou Jesus falando sobre fé, seja Jesus falando sobre justiça ou João falando sobre justiça, é a mesma justiça, a mesma fé, e a mesma regeneração. Precisa ser assim porque elas são inextricavelmente interligadas.

Jesus veio e ensinou, os apóstolos e os escritores construíram sobre isso, aumentaram e enriqueceram, pela inspiração do Espírito Santo, as coisas que Jesus disse, mas isso ainda é o fundamento. Eliminar isso faria do ensino de Jesus basicamente algo irrelevante para essa época. Eu acredito que isso seria trágico. Isso seria trágico de ser feito às Escrituras.

CARL: Impressionou-me. Eu sei que é simplista, mas me impressionou como sendo uma nova luz quando você destacou no seu livro, falando sobre lei e graça, que nós tendemos a pensar nelas como coisas mutuamente exclusivas. Mas, você indicou o fato de que a salvação sempre foi pela graça mediante a fé.

JOHN: Correto. Sabe, você pode fazer distinções dispensacionalistas, mas você precisa ter muito cuidado. O Antigo Testamento não foi apenas a era da lei. Noé achou graça diante do Senhor. Não foi apenas a era de obras. Abraão creu e isso foi contado a ele como justiça.

O Novo Testamento também não é apenas uma era de graça. Jesus disse: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor”. A nova aliança, Jeremias disse, escreve a lei no coração, no interior.

E o Novo Testamento não é apenas fé. Tiago diz: “a fé sem obras é morta”.

Assim, quando você faz distinções dispensacionalistas, você precisa tomar muito cuidado para que não acabe isolando algum conceito como a lei excluindo a graça, ou até mesmo um conceito como graça excluindo a lei. Nós precisamos tomar muito, muito cuidado.

Essas duas são sempre ligadas uma a outra. A lei impõe inicialmente o padrão. O homem, diante da lei, reconhece a sua falha e recebe a graça de Deus por meio do perdão, mas também o poder para então guardar a lei, que antes ele não conseguia guardar.

CARL: Vamos falar a respeito de algumas áreas bem práticas enquanto terminarmos esta discussão hoje. Pensando na questão de que nós não estamos falando a respeito daqueles que negaram a fé, que têm uma visão diferente. Se esse é o caso, me parece que esse outro evangelho poderia ser considerado uma heresia. Como nós tratamos esse ensino? Eu estou pensando em uma pessoa sentada na igreja, onde não lhe foi ensinado isso. O que ela deveria fazer? Como ela deveria reagir?

JOHN: Carl, é minha firme convicção que a maioria das pessoas não entendem a questão. Elas apenas não entendem. 95 por cento da confusão está relacionada não a visões diferentes, mas a uma falta de entendimento das questões.

É por isso que este livro é tão importante. Não porque eu o escrevi. Ele seria importante se qualquer outra pessoa tivesse escrito. Mas as pessoas precisam ler o livro. Elas precisam entender a questão e entender claramente o que a Bíblia ensina. Eu creio que a confusão a respeito disso pode ser eliminada se nós simplesmente entendermos a palavra de Deus.

Para mim, é uma revelação direta, simples e clara de Deus que resolve tudo, e a igreja precisa saber o que é o evangelho. Eu não acho que haverá uma luta se as pessoas entenderem com alguma clareza quais são as questões e como as Escrituras falam claramente a respeito delas.

CARL: Como você lida, pessoalmente – eu sei que alguns que se opõem, ou ficam do lado oposto dessa questão de você, são bons amigos. Eles também pregam o evangelho, ou pelo menos usam a mesma linguagem. Como que você lida com eles em um nível pessoal?

JOHN: Amigos são amigos, e eu amo muitas pessoas que possam ter uma visão diferente quanto a isso. Primeiro, eu não acho, até o livro sair, que eles realmente entenderam o que eu estava dizendo. E eu espero que muitos que achavam que eu estava dizendo algo agora saibam que eu não estava dizendo o que eles achavam que eu estava dizendo. O livro resolveu muito disso, porque muitos estão lendo e dizendo: “bom, é isso que eu acredito. Eu concordo com isso”.

Por outro lado, as pessoas que dizem ‘não, eu não concordo com isso, e defendo que tudo o que você tem de fazer é acreditar por um momento, e isso não significa necessariamente que sua vida será transformada em uma espécie de crença fácil,’ como eu trato com eles? Bom, existe uma certa tristeza no meu coração, e eu oraria por eles. Mas eu vou lhe dizer algo, existe fundamento para onde eu sempre volto, Carl.

Jesus disse em João 6: “Todo aquele que o Pai me dá, virá a mim, e eu não perco nenhum deles. Mas os ressuscitarei no último dia”.

Posso dizer isso e ser compreendido? Uma apresentação inadequada do evangelho não vai evitar a salvação do eleito. Não vai. O que vai acontecer é que fará algumas pessoas acharem que são salvas que não são, e confundirá muitas pessoas. Eu me sinto confortado pelo fato de que Deus irá redimir a sua igreja, mas, ao mesmo tempo, eu também reconheço que a redenção deve vir às pessoas por meio da apresentação clara do evangelho.

Então, eu acho que eu ficaria muito perturbado sobre isso, mas no meu coração eu sei que se você simplesmente pregar a morte e a ressurreição de Jesus, Deus irá fazer uma obra nos corações daqueles nos quais ele depositou o seu amor. E mesmo que alguém apresente o evangelho a eles de forma inadequada, Ele produzirá neles uma resposta correta àquele evangelho.

CARL: Tem uma frase que você usa, eu acho que é na conclusão do livro, quando você fala sobre perfeição, porque muito disso soa como se nós estivéssemos falando sobre uma perfeição sem pecado, mas você disse: “A perfeição é o padrão. A direção é o teste”. Você pode explicar isso? O que nós estamos dizendo?

JOHN: Bom, quando você é um cristão, a marca característica de sua vida não é a perfeição, mas a direção.

CARL: Para onde você está indo?

JOHN: Para onde você está indo? Sim, para onde você está indo? Eu posso olhar para uma pessoa e ver para onde ela está indo e determinar o que está em seu coração. O que a motiva. Eu não sou perfeito. Eu certamente não diria que eu tenho uma perfeição sem pecado ou algo parecido com isso. Mas eu com certeza sei a direção da minha vida. E a direção da minha vida é honrar a Deus, mover-me em direção a ele, aproximar-me dele, ser mais parecido com Cristo. Eu tropeço e caio, como todos nós fazemos, e falho. Mas essa ainda é a direção da minha vida, e eu me ergo e caminho em frente.

Eu acredito que a segurança – as pessoas dizem, “bom, você vai tirar a segurança”. As pessoas vão achar que elas vão estar inseguras para sempre. Uma forma de insegurança eterna. Eu nunca vou saber. Na verdade, eu ouvi um crítico dessa questão particular dizer: “Bom, o que o MacArthur está fazendo é tornar as pessoas completamente inseguras a fim de que elas nunca saibam se estão salvas até o momento de irem ao céu.

Não! Você pode saber que é salvo. Tudo o que você precisa fazer é olhar para o seu coração. Também se examinar. Ver se você está na fé. O que você está examinando? Você está examinando a intenção do seu coração.

Você não conseguiria me fazer duvidar de minha salvação porque eu sei o que está no meu coração, e o meu coração anseia em servir a Cristo. O meu coração ama a Cristo. Eu odeio o meu pecado. Se eu olhar para mim mesmo, eu diria: ah, você sabe, você disse uma palavra maldosa, ou você desperdiçou o seu tempo, ou você demonstrou orgulho ou, você sabe, desejou algo que o Senhor não deu para você, ou você cobiçou uma determinada posse ou algo assim. Você pode não ser um cristão.

Não, não, não. Eu vou mais a fundo do que isso. Eu olho para o meu coração e digo: “Qual é o anseio do meu coração? É servir a Deus e amar a Cristo. É honrá-lo”. Essas coisas quebrantam o meu coração, de uma forma ou outra, e é isso que eu quero enxergar. Isso é muito assegurador.

Tiago diz que você passa por provações porque elas irão testar a sua fé. Deus não precisa que minha fé seja testada. Ele sabe se ela é real, mas eu nem sempre sei. Porém, quando eu passo por uma prova e saio do outro lado crendo, eu digo: “Uau. Eu sou autêntico. Eu sou autêntico”.

Portanto, eu não estou defendendo uma posição que coloque as pessoas em uma confusão indefinida sobre a sua salvação e segurança. Eu realmente penso que o que nós estamos falando aqui é que você pode saber se você é um cristão. Na verdade, eu não acredito nem um pouco que este livro tornará cristãos inseguros. Eu acredito que este livro literalmente conduzirá um cristão inseguro para torná-lo absolutamente seguro. Esse pode ser o maior presente que você, como cristão, poderia ter se tem a tendência de duvidar de sua fé porque, quando você terminar de ler este livro, você vai saber se você é um cristão ou não sem sombra de dúvidas.

CARL: Concluindo, pensando que ainda pode haver algum cético por aqui, e eu acho que você até menciona isso logo no início do prefácio do livro. Você disse que passou por uma fase de pensar que toda essa questão era um mal-entendido, problemas de semântica.

JOHN: Não é uma questão de semântica. Com algumas pessoas pode ser, mas eu achava que era semântico, e eu achava que não poderíamos estar falando a mesma coisa em termos diferentes, mas conforme eu me aprofundei, eu percebi que esse não era o caso.

Eu preciso dizer, Carl, que não é como se houvesse a minha visão, e comigo, a maioria dos Cristãos, e no outro lado, outra visão sustentada por outro grupo. A verdade é que existe a visão das Escrituras e muitas outras visões que estão entre o que a Bíblia ensina e a visão extrema. E as pessoas estão por todos os lados desta linha e todas elas precisam, na minha opinião, alinhar-se e conformar-se à Palavra de Deus. Alinhar-se e conformar-se à Palavra de Deus.

FIM

This sermon series includes the following messages:

Please contact the publisher to obtain copies of this resource.

Publisher Information
Unleashing God’s Truth, One Verse at a Time
Since 1969

Welcome!

Enter your email address and we will send you instructions on how to reset your password.

Back to Log In

Unleashing God’s Truth, One Verse at a Time
Since 1969
Minimize
View Wishlist

Cart

Cart is empty.

Subject to Import Tax

Please be aware that these items are sent out from our office in the UK. Since the UK is now no longer a member of the EU, you may be charged an import tax on this item by the customs authorities in your country of residence, which is beyond our control.

Because we don’t want you to incur expenditure for which you are not prepared, could you please confirm whether you are willing to pay this charge, if necessary?

ECFA Accredited
Unleashing God’s Truth, One Verse at a Time
Since 1969
Back to Cart

Checkout as:

Not ? Log out

Log in to speed up the checkout process.

Unleashing God’s Truth, One Verse at a Time
Since 1969
Minimize